Sim, tem um instrutor de equitação para a equoterapia e esse curso é realizado pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE-BRASIL em Brasília, que habilita esse profissional para a especificidade dentro do setting terapêutico.
Existem outras formações para instrutores de equitação como a escola de equitação do exército, Cavalaria e a Universidade do Cavalo que também obtém cursos, entre outros.
Quando se pensa em equoterapia é possível relacionar de fato o animal, os terapeutas, o ambiente, mas o instrutor de equitação é um profissional que além de muito importante é imprescindível num centro de equoterapia.
A equoterapia não é um passeio a cavalo e sim uma intervenção terapêutica de muita responsabilidade, devido ao conhecimento de diversas patologias e prognósticos, contudo o conhecimento do cavalo, ambientes e equipamentos.
Às vezes escutamos de algumas famílias: fui levar o meu filho a um passeio a cavalo… precisamos tomar cuidado em assemelhar o treinamento de um cavalo de equoterapia e de um cavalo de passeio, porque esses podem não ter mesmo comportamento em determinadas situações e em comandos de equitação.
Segundo Edson Antonio Marmol, aluno sargento da Polícia Militar responsável pela equoterapia da Cavalaria de Bauru a escolha do cavalo para a intervenção terapêutica deve ser minuciosa desde o comportamento, índole do animal, simetria, saúde entre outras especificações. Além do treinamento do animal para a intervenção equoterápica, porque o cavalo precisa estar adequado para cada tipo de patologia. O cavalo precisa estar aquecido, pronto e condicionado para o atendimento.
Marmol também ressalta a segurança no ambiente terapêutico, porque um cavalo bem treinado e organizado em suas características técnicas para a equoterapia, torna-se o ambiente mais seguro e profissional.
O cavalo é um animal e pode assustar a qualquer momento, porém a prevenção com o treinamento do cavalo e a observação do comportamento, auxilia na segurança e agilidade no processo de retirada de uma emergência.
Um cavalo bem treinado na equoterapia, aceita situações e transposições realizadas em seu dorso, isto é, mudança de posições de praticantes para objetivos motores e/ou comportamentais, materiais pedagógicos, bolas, entre outras interações com movimentos e objetos. A maioria aceita gritos, estereotipias, sons e movimentos dos praticantes constantemente em seu dorso. Cabe enfatizar que se o cavalo não for treinado para essas abordagens, não pode realizar esses exercícios diretamente com o praticante sem treinamento.
Para Claudia Mori, instrutora de equitação para equoterapia da equipe da Hípica Santa Terezinha e Hípica WS, o instrutor é responsável pelo cavalo, manejo, cuidados do animal, materiais de equitação e equoterapia, inclusive em suas adaptações, como o cavalo ideal para o paciente em relação ao passo, índole e as etapas das sessões de equoterapia desde a hipoterapia, educação, reeducação, pré-esportivo e esportivo.
Equoterapia é uma intervenção séria e de muita responsabilidade!
Algumas funções do instrutor de equitação na equoterapia
- Acompanhar o manejo do cavalo para a sua saúde, como alimentação, higiene, medicações, atendimentos veterinários entre outros;
- Escolher o cavalo ideal para a equoterapia, com boa índole, comportamento, saúde, simetria, entre outros;
- Realizar o treinamento do animal para a equoterapia, inclusive com os equipamentos necessários na utilização das sessões;
- Verificar o conforto, adequação e adaptações dos encilhamentos e materiais de equitação e equoterapia;
- Observar sempre o comportamento do cavalo antes, durante e após as sessões de equoterapia;
- Participar das discussões de casos das diversas patologias juntamente com a equipe multidisciplinar, sempre verificando o melhor cavalo para maior abrangência dos objetivos propostos;
- Realizar a iniciação e orientação pré-esportiva e esportiva dos praticantes com a conduta técnica da modalidade certa e com coerência;
- Trabalhar o cavalo constantemente em seu condicionamento físico, frequência cardíaca, flexionamento, entre outras técnicas e características de equitação;
- Ficar sempre atento as reações do animal durante as sessões, inclusive quando aparentar doenças, claudicações entre outros comportamentos;
- Atentar-se ao ferrageamento, alimentação entre outros cuidados importantes;
- Manter a segurança e qualidade do trabalho no setting terapêutico;
- Adaptar o cavalo com treinamento e equipamentos para o pré-esportivo e esportivo com qualidade e segurança;
- Conhecer a Etologia e Hipologia Equina e demais literaturas importantes sobre a anatomia equina, biomecânica e movimento cinésioterapêutico;
- Conhecer as modalidades de equitação existentes;
- Estabelecer a promoção de descanso ao animal, rodiziando quando possível nos atendimentos;
- Observar para que o animal não tenha uma sobrecarga em seu dorso para não haver lesão e nem desgaste ou alteração do comportamento do cavalo;
- Acompanhar os cuidados de vermifugação, vacinação e exames dos animais, entre outros;
- Ser amigo dos cavalos.
“O instrutor de equitação é o amigo do cavalo na equoterapia, observa e o acompanha constantemente…são seus olhos, dores, anseios…anjos protetores…”
Colaborador: Manoel Jesus dos Santos, instrutor de equitação da Hípica Santa Terezinha