Por: Eliane Cristina Baatsch*
Normalmente quando se pensa em equoterapia, logo se vem na cabeça o método terapêutico através da montaria no cavalo.
Esse pensamento se atribui pelo fator histórico do cavalo como ser forte, imponente, símbolo de beleza, liberdade e poder representado muitas vezes pela montaria e domínio. E por informações e estudos sobre o cavalo ideal de equoterapia em sua morfologia, simetria, biomecânica, prumo, passo adequado, altura, comportamento ideal, totalmente pertinentes.
Contudo, não podemos pensar no cavalo para ser somente montado ou instrumento de trabalho. O cavalo é um amigo importante do praticante, porque juntos estabelecem uma relação de empatia, confiança e respeito mútuo.
Existe o carinho, o cuidado, o toque, o olhar, o cheiro, a temperatura, o sensorial, a confiança… quantos neurotransmissores e até hormônios conseguimos abranger com isso.

Como desenvolver um trabalho motor, se o praticante tem medo do cavalo e nem estabeleceu uma relação com o animal de amizade. Nesse momento a inadequação pode prejudicar no desenvolvimento tanto emocional e psicológico refletindo diretamente no motor.
Quem pensa que o cavalo é um animal mecanizado, somente treinado para andar ao passo, trote, galope ou condicionado as aprendizagens, está enganado. O cavalo estabelece uma relação com o praticante e vice-versa, como com o equoterapeuta, auxiliares, tratadores, enfim com todos na sessão e em sua convivência. Sempre reconhecendo aquele praticante ou familiar que traz a cenoura de agrado nas sessões. E quando está doente ou não está bem, a insegurança e angústia pela situação do animal toma o setting terapêutico por todos os envolvidos.
Não existe a raça ideal para o cavalo de equoterapia, tudo depende da estrutura de cada centro, e direcionamentos para o praticante, treinamento do animal, morfologia, condições físicas e emocionais de trabalho e bom senso.
A intervenção tem várias indicações, necessitamos de ajustes tônicos emocionais também para o desenvolvimento biopsicossocial.
Equoterapia é muito mais que montaria…e nem sempre só a montaria é equoterapia.

*Eliane Cristina Baatsch é pedagoga e psicopedagoga, especializada em deficiência múltipla. Atua como equoterapeuta, coordenadora da Hípica Santa Terezinha, instrutora de equitação clássica, equitação para equoterapia e de volteio terapêutico.