Hoje, 4 de janeiro, é comemorado o Dia Mundial do Braile, importante ferramenta para garantir a alfabetização e a independência de pessoas com deficiência visual, assim como Regina Oliveira, que nasceu com glaucoma, diagnosticado nos seus primeiros três meses de vida.
Ela, que é coordenadora de revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos e membro do Conselho Mundial e do Conselho Ibero-americano do Braille, perdeu a visão por completo aos 7 anos de idade, ocasião em que estava aprendendo, com a mãe, as letras do alfabeto.
Mas, Regina queria frequentar a escola junto com as outras crianças, e foi então que ela teve seu primeiro contato com a Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde foi alfabetizada em braile.
Depois, Regina estudou com as demais crianças do bairro na escola regular, contando com os livros didáticos produzidos em braile pela instituição.
”Toda criança cega deveria ter garantido o direto de ser alfabetizada e de ter acesso a livros didáticos em braile. Direito esse previsto por programas e leis federais, como a LBI – Lei Brasileira de Inclusão. Mas, lamentavelmente, essa ainda não é a realidade. Nosso país é muito grande, assim como a quantidade e a diversidade de livros adotados nas escolas. Por isso, acreditamos que muitas crianças ainda são carentes do sistema braile, o único formato natural de leitura e escrita capaz de alfabetizar e de apresentar fórmulas e símbolos de química e matemática, por exemplo”, garante Regina Oliveira.

Ainda garota, Regina compreendeu que o braile seria um importante instrumento para a sua independência. Tese que, desde então, vem sendo comprovada constantemente. Há quase 40 anos trabalhando na Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde começou como telefonista, e desde 2013 atuando como membro do Conselho Mundial e do Conselho Ibero-americano do Braile, Regina assume a missão de colaborar ativamente para manter o sistema sempre em dia. Quando falamos de braile, estamos indo muito além dos livros.
“A invenção da escrita foi a maior invenção. A partir dela, a humanidade foi evoluindo. Infelizmente, as pessoas cegas ficaram, por muitos anos, afastadas dessa conquista. Até que, há 200 anos, veio o braile. Por isso, para mim, 4 de janeiro é um dia para celebrar sim. É como se fosse um segundo Natal, um segundo aniversário. É um dia que me sinto muito feliz e muito igual às outras pessoas. Isso não tem preço”, conclui Regina.