Por: Zilanda Souza*
A indisciplina é um tema cada vez mais relevante dentro da educação. Porém, não podemos fazer desse assunto apenas um desabafo, uma prece de lamúria e reclamações. Quem de nós, profissionais da educação, se dispõe a estudar sobre a raiz da indisciplina e a pesquisar formas e mecanismos eficientes para minimizá-la nos espaços escolares?
É isso que quero propor nessa semana. Que tal uma atividade semanal, que tem como objetivo a educação de sentimentos, pensamentos e comportamentos?
Eu resolvi chamar de ‘O que eu sinto, o que eu penso, o que eu faço’.
E assim como temos o hábito de primeiro ensinar as disciplinas para depois avaliar, também faremos com o comportamento dos nossos alunos. Antes de punir, de enviar ocorrências, de pedir para que saiam da sala, nossos alunos estarão imersos num ambiente de reflexão, reestruturação e reorganização de sentimentos, pensamentos e comportamentos. Isso é prevenção!
A atividade trabalha com o fundamento da Terapia Cognitivo-Comportamental, que estabelece em seu pressuposto teórico a reorientação do pensamento e emoções e a reorganização do comportamento como pontos cruciais para minimizar sofrimentos e conflitos internos e externos.
Cada encontro deve propor um dos seguintes tópicos: (a escolha vai depender da demanda de cada sala)
Rotina escolar / Relação com os colegas / Relação com os professores / Relação com o espaço físico e estrutural.
Para cada tópico vamos organizar a seguinte estrutura de mediação: (Veja o exemplo a baixo)
Tópico: Rotina Escolar
HORA DA REESTRUTURAÇÃO
- O ambiente da atividade deve ser livre de julgamento. Todas as informações devem ser acolhidas com respeito. Esse é o ponto de partida para a reestruturação e reorganização. Pensar que uma aula é horrível e cansativa, não é ofensivo. Para tornar esse momento efetivo, a escola precisa colocar o ‘ego para dormir’;
- Proponha questionamentos que provoquem a reestruturação e a reorganização:
- Então vocês têm um problema com a rotina escolar? Que consequências vocês estão enfrentando? Elas são agradáveis? Elas ajudam a resolver o problema?
- Vamos listar o que vocês chamam de aula maçante e cansativa e quantas vezes elas acontecem por semana. Vamos fazer um comparativo com o tempo que vocês passam na escola. Será que esse problema é real ou vocês estão sendo levados por um pensamento distorcido? Vamos investigar esses pensamentos!
- Agora vamos pensar nos comportamentos. Os comportamentos ajudam a transformar a realidade ou acumulam outros problemas?
- Que novos comportamentos mudariam esse problema? Qual mecanismo podemos utilizar para reduzir a repetição excessiva de estratégias por parte dos professores? (Encoraje os alunos a buscar o diálogo com os professores envolvidos, com a coordenação da escola)
- Será que esse exercício mudaria as consequências que vocês escreveram em nosso quadro? (Incentive a curiosidade e a experiência. Programem o diálogo para o próximo encontro, com o compromisso da mudança de comportamento)
- Encerre o momento deixando claro: a meta, o compromisso. Pergunte sempre como eles se sentiram durante o encontro. Abra espaço para sugestões.
- Eles conseguiram dialogar com respeito e falar sobre o problema? Recompense a turma!
ATENÇÃO: A equipe pedagógica deve buscar apoio de um profissional da psicologia.
Quer uma ferramenta legal para apoiar seu projeto dentro da escola? Utilize o ‘Baralho das Distorções’, da psicóloga Vanina Cartaxo – Editora Sinopsys.
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*Zilanda Souza é mãe, professora, especialista em psicopedagogia e neuropsicopedagogia. Autora do livro ‘Brincando de Palavrear’, escritora da coluna ‘Desenvolvimento e Aprendizagem’, coordenadora da pós-graduação em neurociência aplicada a avaliação e intervenção psicopedagógica. Diretora da Espaço Vida em Minas Gerais e no Distrito Federal. Atua em pesquisa voltada para a intervenção em funções executivas em crianças do ensino fundamental anos finais.